Era como se o meu coração saísse do peito, e batesse naquele
momento ali diante dos meus olhos. Ele me puxou para mais perto, perguntou o
meu nome, eu fiquei em silêncio, e ele também, nos olhamos por mais alguns segundos, e chegamos juntos então a
conclusão de que o meu nome não importava,
de que nada mais importava. A música ecoava ao fundo, era uma melodia rápida,
mas agora parecia ser lenta, ao menos na minha cabeça era, tudo em volta se transformou
em uma grande massa colorida, de cores e odores indistintos, minhas mãos
começaram a transpirar e minha cabeça a rodar, o seu cheiro doce e amadeirado
me embriagava cada vez mais, a pouca distância mantida, queimava minha pele com
o vapor quente de calor que emanava da dele.
Seus olhos híbridos de uma espécie de azul rajada de castanho,
me fitaram, apreciei suas pupilas dilatarem,
tudo era muito irreal, era como se estivesse sonhando naquele momento. Sem
hesitar, e sem recuar, deixei que as mãos dele se entrelaçassem com meu corpo,
pequeno e branco. O rubro de meus lábios tingiu sua camiseta alva, senti meu
coração acelerar como o motor de um carro potente em partida de uma corrida, então
após o alavanque da acelerada, segurei firme com os dedos dos pés, o freio
imaginário de meu automóvel, mas de nada adiantou, minhas pernas foram
amolecendo e meus músculos relaxando. Os lábios dele começaram a explorar meu
pescoço em busca dos meus lábios, subiam e desciam. E quando finalmente o corpo
ele venceu a luta sobre o meu, seus lábios pararam a alguns centímetros dos
meus, seu hálito quente me deixou atordoada... Ao fundo a música mudou, e
começou então a tocar a minha trila sonora... “Baby, I love you- The Ramones”,
não sei se foi real, não sei se essa música realmente ecoou por todo o salão,
mas na minha cabeça foi real, e então finalmente senti seu beijo, seu gosto,
sua temperatura, tudo ali, tão próximo, tão desejado...