A poeta.

       O vento, as cortinas ,seu perfume...  agora tudo está  manchado de sangue, tudo está banhado a ódio... Corro para o aroma da morte, minha mão direita se levanta , meu olhar se abaixa, o barulho surdo de meu grito se estaca contra a parede. O parapeito da janela absorve meu medo e me transmite coragem.  Meus pés tremem, o vento da noite é frio,  e então antes do pensamento do fim ser criado, um último pensamento de culpa me invade, "ah se ela tivesse me escutado, se ela tivesse parado, talvez ela ainda estivesse aqui, talvez minha raiva não houvesse à convocado ao espirito inglório da morte". O vento sopra mais uma vez, estou ereto como um cavalheiro deve estar, gravata borboleta no lugar, resolvo então meu destino selar, dou um ultimo gole em minha taça de vinho, e sinto o liquido descer ofegante por entre minhas garganta. É a hora. Abro meus braços, mesmo sabendo que não irei mais os fechar e parto fervorosamente, do último andar dos dezoito existentes, para  abraçar um mundo que não conheço...
       Os oficias chegaram, e relataram que fora suicídio. Mas a poeta que possuía uma alma sensível, exitou em acreditar, e para a verdade buscar, subiu até a janela de onde o sujeito havia seu destino invetado. Apanhou a caneta, e no bloco de capa preta, com folhas amarelas, em suas letras mais belas, descreveu de sua maneira :
- Foi um abraço,um abraço no desconhecido, uma volta no tempo perdido.  Pobre tolo, apenas mais um tijolo de uma parede, mais uma estrela cadente que se tornou evidente, mais um ponto negro perdido, como um cedro  por um bloco de cimento substituído.

Antes mesmo de se levantar ela já sabia que estava na hora de partir...
Com um sobre salto seus pés saíram do chão, a campainha do transporte ecoou em seu interior, o chão de assoalho, duro, seguia suplicando a cada passo,para que ela ficasse.  Mas não,  não ficou, tomou uma última dose de coragem e do ônibus saltou. A esquina na qual encontraram seu corpo era fria, as vozes diziam, tristes e inconformadas, ela era tão nova, a que ponto chegamos, onde vamos parar?   E ela pensava ,irão parar onde a campainha tocar...

Just stay here...

Quero me perder...
quero me encontrar...
quero me mudar...
Quero me manter...
Quero me matar...
Não quero morrer...
Quero me concordar...
Quero me discordar...
Quero te amar...
Quero me amar...
Não vou poder ficar... 
Não vou querer ir...
-Just stay here...

Desabafo de uma mãe "ESPECIAL"

Os olhares são cruéis, mas mais cruel ainda é esse sentimento que carrego, essa culpa de ter dado vida a alguém que é incapaz de pensar completamente por si só, e todos os dias quando vou dormir e quando acordo meu pensamento se faz unânime: o que há de ser desse ser, quando eu me for?  E minha resposta é  como um anestesiante barato que faz efeito em apenas alguns segundos e logo se desfaz: - eu não devo morrer, eu não posso morrer.
Observo as pessoas a tempo demais para as julgar, interessantes ou inteligentes,  sim essas qualidades tem haver com o tempo...  parece que quanto mais tempo você dedica a algo, mais fundo você consegue enxergar esse algo...  e como todos sabemos, profundidade pode se tornar algo perigoso em pessoas rasas... 
O sonho incomum do dono de qualquer metro quadrado urbano... sumir, desaparecer, relaxar.
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