Instinto Animal FINAL.

- Olá ,nu quê posso te ajudá?
     Disse o homem que só possuía três dentes e se encontrava  atras do descascado balcão verde...
- Eh, eu gostaria de um... quarto...
- Ah sim, ocê pode pega essa chave aqui que meu amigo ai do seu lado te indica o caminho.
   Sorri envergonhada e enojada e agarrei as chaves.
Abrimos a porta e nos olhamos, uma centelha saltou de mim e atingiu o lado inflamável de meu companheiro, ele me agarrou e eu encaixei minhas pernas envolta de sua cintura, senti ele me pressionar contra a parede enquanto instigante mente puxava meus cabelos, fazendo um arrepio súbito tomar meu corpo. No auge do êxtase, sentia que o arranhava e o prendia em minhas mãos, com o desejo e o torpor de uma mulher que afogava duas magoas.
- Você gosta disso não é? Sua VADIA! 
    Senti minha face queimar e ordenei que ele me soltasse, como ele ousava utilizar um palavreado destes comigo?  Uma dama?
- Me solte, agora! Anda estou ordenando!!!
- O que você disse? Você não esta ordenando nada, quem ordenada aqui sou eu, CADELA! Coloque-se em seu lugar, e comece a me chupar, vai vamos!
Olhei para ele estática e comecei a me vestir.
- O que esta esperando, esta surda? 
      Ele em um sobre salto avançou em minha direção , com uma mão colocou-se a me segurar e com a outra distribuiu um  tapa que cortou de minha alma o meu desejo assim  usurpando minha  dignidade. Me obrigando a se ajoelhar ele abaixou sua calça e colocou a mostra seu membro, cravando por entre meus cabelos seus dedos grossos ele me obrigou a realizar o sexo oral mais humilhante de minha vida. 
     Entre curtas frases mal educadas e longas bofetadas, eu podia sentir seu membro pulsando em minha garganta, meu estômago relutava para não expelir seus dejetos armazenados.  Eu já estava exausta de me debater de lutar contra aquilo, senti seu membro entrar e sair com ardor e violência de minha vagina,depositando em mim uma força inigualável. Acabado seu trabalho ele caminhou lentamente até a cama com seu membro despido e ereto, abaixou-se e disse calmamente:
- É assim que eu gosto, VADIAS comportadas!
       E no calor do ato, cuspiu em minha face, destilando toda sua crueldade em seu rosto. Ele se afastou e por um segundo eu jurei ter escutado o barulho ávido do chuveiro, me levantei e cambaleei pelo quarto. 
  Em um frenesi de ódio, pude observar o brilho monótono de um taco de basebol atras da porta, não relutei apenas o agarrei com todas as minhas forças e invadi o banheiro o box estava embaçado com o vapor, esperei por um tempo interminável que o box se abrisse e revelasse aquele infeliz homem que caminhava para a morte... 
       Ele saiu distraidamente, o vapor me camuflou e eu o golpei em seu crânio, fora um golpe surdo e fatal ele cambaleou e caiu no chão do banheiro, meu ódio não se conteve e fez com que eu descarrega-se minhas frustrações ali naquele corpo inerte... 
E então, algo estranho aconteceu ,comecei a sentir uma dor enorme de cabeça,  e pulsões , algumas lembranças começaram a retornar a respeito da noite passada, um flash back terrível se passou por minha cabeça. 
- oh meu Deus, meu instinto animal atacou novamente, e eu matei o amor de minha vida...
        E agora eu e lembro de cada detalhe, de cada suplica para que eu parasse ,a cara de pânico de Adam ecoava em minha cabeça, embaçava meus olhos de lágrimas e eu havia o matado! O sangue escorria entre o azulejo encardido, olhei em minhas mãos e elas agora não eram mais brancas como copos de leite, mais sim vermelhas e confusas, levantei-me e afastei meu cabelo que caia sobre os olhos com as costas de minhas mãos, caminhei ate o espelho e observei meu reflexo, não pude conter um riso de contentamento, era este meu destino, interpretar e encenar este meu INSTINTO ANIMAL.

Instinto Animal part.2

(A fuga da descoberta)


Senti a adrenalina escoar por minhas veias, levantei com um impulso, recolhi minhas roupas que ainda estavam espalhadas entre o bar e o caminho do quarto, tropecei em um dos pés do sapato de Adam e senti minha face queimar de um misto de vergonha e raiva,levantei-me com muita dificuldade e me encostei na parede, ainda estava nua, e quando houve o contato do azulejo frio e minha pele acetinada ,senti meu estômago revirar e um arrepio subir minha espinha; desci até o chão, passei minhas mãos por entre minhas pernas, em uma posição muito familiar que lembrava bastante uma criança assustada que aguarda por colo materno.     Chorei durantes segundos, minutos,horas não sei ao certo, quando me dei conta la fora já anoitecia... rapidamente me livrei de minhas digitais, fios de cabelo e qualquer vestígio que se ligasse a mim, ainda para poder me assegurar de que nenhuma pista pudesse ser ligada a mim, retirei de minha bolsa um saco com o pó branco e fino que cintilava com a luz, reluzia o desejo se inúmeras pessoas viciadas e descontroladas por ele, e espalhei em cima de um velho disco do famoso David Bowie que possuía um olhar desafiador e desbotado por conta de tantos anos de vida ultil. Me senti culpada mas o que eu poderia fazer? O homem com quem eu acabara de possuir relações sexuais, estava morto na cama onde dormimos e não havia nenhum sinal de arrombamento em todo o apartamento e nem sequer alguma janela ou porta aberta, então eu exijo que não me julguem, qualquer pessoa faria o mesmo, e foi com este pensamento que espalhei 1  kg de heroína que havia recolhido no dia anterior em uma de nossas investigações rotineiras.  Recolhi meu casaco, me dirigi a saída e me infiltrei em uma das salas de segurança, recolhendo todas as filmagens ali presentes. Desci as escadas, estava com vontade de caminhar, deixei o hotel, e me dirigi a meu carro, coloquei a chave na ignição e a alimentação do motor começou a se movimentar, o colocando em movimento, enquanto eu poluía mais um pouco a metrópole e ouvia a voz deprimente de Jhonny Cash, eu podia ouvir a voz do medo soprar meus ouvidos e revirar a gaveta da culpa em meu cérebro.       Acendi um cigarro e em uma tragada ,queimou-se um quarto de seu tamanho; parei no posto mais próximo e resolvi abastecer, era um daqueles clássicos postos que deveriam carregar em seus letreiros a frase" faça o serviço sujo e abasteça você mesmo,pois não precisamos de sua satisfação,apenas de seu dinheiro" encostei o solado de meu sapato caríssimo, naquele chão coberto por lodo e mofo, utilizei a bomba imunda e enferrujada para encher o tanque e me dirigi ao balcão da "loja" de conveniência que era degradante e lamentável; entrei e caminhei ate a geladeira, escolhi uma garrafa de cerveja.
      Ao chegar ao caixa, perdi por alguns segundos o fôlego e deixei a mesma vir ao chão, o rapaz que inicialmente parecia compor o caixa, se levantou, assim espontaneamente se transformou em um homem alto,moreno, com lábios grossos e delicados, caminhou em minha direção e se abaixou lentamente para recolher os cacos maiores os jogando em um cesto de lixo que se encontrava colado ao balcão. Em um solavanco se colocou em pé ,com uma postura invejável, desejável, retirou o boné que lhe cobria a face ,revelando cabelos finos e lisos que esvoaçavam com a leve brisa que circulava por conta de um velho ventilador empoeirado fixado ao teto, cabelos estes de um ébano denso:
       - Olá, parece perdida ,posso ajudar?! - É claro que pode... Sorri vergonhosamente e estendi a mão.
       - Eu estou procurando um hotel para me hospedar,e não sei se serei capaz de o encontrar sozinha, você esta disposto a me instruir?
- Bom seria uma vergonha para um cavalheiro como eu me negar a conduzir uma dama como voce...
 Sorriu largamente  remetendo a situação a um gesto malicioso, fazendo assim com que seus olhos de origem indígena se fechassem...
- Ah sim, e você poderia me "conduzir " agora?
- Com toda certeza!
    Caminhamos até meu carro,ele abriu a porta para mim e se dirigiu ao dele,ordenando assim que o seguisse... paramos em frente a um hotel de beira de estrada, ele piscou a luz âmbar de sua seta e entrou, eu o segui. Fizemos o chek-in, a recepção era suja e obtinha um grande potencial de poluição visual,  senti vontade de engatilhar meia volta e fugir dali,mas permaneci.


Instinto animal Part.1

Encontrei coragem,entrelacei as nossas mãos, e o puxei para a saída,haviam varios corpos ali, naquele ambiente envolvente e quente,senti então o efeito do álcool em minhas veias,e desfrutei do êxtase  da coragem,o convidando para seu próprio apartamento:
   - Ei, que tal, irmos escutar aqueles seus discos que tanto gosto...
  Ele sorriu, balançou um pouco, e então coçando seus cabelos de um jeito tímido disse :
   - Não acho uma boa ideia...Olhou novamente para mim,e balançou a cabeça, como se quisesse afastar algum pensamento ruim...-Ah  tudo bem,vamos para lá!
  Entramos no táxi e descemos enfrente ao hotel luxuoso da rua Lefreddy, respirei o ar fresco e poluído da grande metrópole ,e decidi que seria aquela noite! subimos os degraus do hall de entrada abraçados. Enfim chegamos a sua suite, Adam era um verdadeiro homem de posses, e eu confesso quando várias vezes cheguei a duvidar de sua sexualidade; estendendo a mão em sua direção demonstrei o fato de estar plena e completamente ciente de minha ações, deixando ainda mais seguro de sua escolha...-Pode me entregar as chaves? ...disse eu em um sorriso amarelo de embaraço...-Ah sim,as chaves... Ele as procurou desastradamente em seus bolsos,afinal a bebida também já estava exercendo seus efeitos sobre o seu corpo perfeito... -Não estou as encontrando... -Acalme-se, e com licença...Sensualmente me inclinei em sua direção deixando assim meu decote coberto apenas por meu xale transparecer,enfim colocando delicadamente a minha mão em seu bolso, encontrei as chaves rapidamente mas não queria desperdiçar uma oportunidade tao boa,deslizei meus dedos para seu membro que se encontrava ereto e levemente inclinado...retirei as chaves do seu bolso, e lentamente subi até seu tórax. Ele embaraçado sorriu e se desviou de meu corpo, senti meu rosto corar,e meu coração palpitar, tarde, muito tarde, pensei comigo mesma, pois acabara de perder uma boa oportunidade; "...paciência..." sussurrei para mim.
 Inserimos a chave na fechadura e ouvimos o estalar das travas  se abrindo, ele me olhou, abriu lentamente a porta e disse :

- Entre, mas não repare a bagunça...
Ele coçou sua cabeça, sentindo os dedos percorrerem o couro cabeludo,e retornou ao momento:
- ah!
Exclamou:
- Desculpe, até parece que você nunca veio aqui...
Olhei para ele e senti pena dele,um homem tao charmoso, sucedido, rico deste jeito...cheio de problemas psicológicos e amorosos...lamentável,lastimável e com certeza deprimente...disfarcei minhas indiginações e indagações com um sorriso amarelo:

- Pois é, você sempre desse jeito, se esquivando da companhia...mas tudo bem, vou cuidar disso também.

Entramos no apartamento, e nos dirigimos ao bar:
- sei que a casa não é minha, mas posso lhe oferecer uma bebida?

Disse isso em um tom provocativo, desabotoando o primeiro botão de meu vestido:

- Um Whisky talvez?

Desfiz meu coque que unia as mechas finas de meu cabelo banhado em fogo,digno de um ruivo vivido e atraente,agarrei a garrafa e preparei um copo,percebi que ele me fitava com os olhos ávidos e famintos, como um cachorrinho que espera para ser alimentado segundos antes do almoço...segurei o copo em minhas mãos, contornei o balcão do bar, me aproximei dele, deixando meu decote saltar para seu campo de visão,e com minha respiração ofegante e quente em seu pescoço, disse:

- Com gelo ou sem gelo?

Como em um surto de adrenalina venenosa e perigosa, aquela que se compara ao sentimento de estar brincando com fogo sabendo os resultados , ele ferozmente, levantou-se da cadeira a empurrando bruscamente sobre o balcão do bar, e me atacou como uma presa indefesa, senti minha pernas vacilarem e perdi o foco de meus planos,o copo de Whisky se chocou com o chão, produzindo um.barulho surdo e molhado que ecoou por entre as paredes daquele apartamento vasto que acabara de se transformar em um abrigo para toda a sacanagem existencial em cada parte carnal de nossos corpos tomados pelo torpor de praticar um ato milimetricamente incalculado.

Passando a mão, sobre o balcão ele atirou todas as coisas que la estavam ao chão, dentro de alguns segundos eu me encontrava la em cima do balcão com ele encaixado por entre minhas pernas que exerciam uma pressão que embora muda,podia dizer varias coisas e naquele momento gritava por seu membro em meu interior, eu precisa sentir aquilo pulsar, saltar, deslizar...
Meus pensamentos foram interrompidos com o rasgo estridente de meu vestido preto, alguns botões se chocaram com as garrafas que compunham a decoração e saltitaram entre os tacos do chão, segurando meu cabelo com uma grande pressão e olhando em meus olhos,pude perceber seus lábios se moverem em câmera lenta:

- Eu quero você seja minha...

 Suspirei :

- Eu vou ser...

Acordei atordoada,não abri os olhos,mas sabia que a luz entrava pela janela e mantinha acesa a claridade do quarto, senti o cheiro de amaciante borrifado de perfume nos lençóis, estendi os braços e lentamente comecei a acariciar o peitoral másculo que se encontrava ao meu lado,mas de repente percebi algo estranho, um liquido denso,frio, grudento; abri meus olhos assustada, a vista embacada, me enganou um pouco, ou ao menos foi assim que pensei, minha cabeça latejava,a cama rodava, senti me faltar o ar,suspirei ao olhar aquela cena,as lágrimas escorriam de meus olhos, pensei comigo, mantenha a calma, a calma:

- Ah meu deus, isso é sangue...

Fim

O ébano tinge as memórias esquecidas sob a gaveta,
O inefável de minha alma  esta a  ser demolido
A essência de meu ser está a esvair-se por um abrigo 
Enquanto a frondosa paz se abrange em minha falência 
A ausência de intrínseca aparência, 
faz com que  o moinho de multidão não note o que se passa perante a minha morte...

Ócio

Caminho por entre a relva molhada, sinto meus pés penetrarem as entranhas da terra
Observo um corvo, corvo esse negro e penumbroso, assim como a cálida noite  
O corvo entreabre o bico fino e afiado como uma lâmina, fica inerte por alguns segundos e em seguida clama por meu nome fervorosamente...
Sinto me atraída por suas penas negras que refletem o brilho leitoso da lua cheia que vaga pelo céu limpo
Algo caminha ao meu lado,denomino então este algo de passado... 
Me projeto acima do corvo, deixo minhas mãos caírem levemente entre suas penas macias e brandas,ele não é um animal agressivo, age um pouco impulsivo
Me aninho em seu leito respiro ofegante,e sinto então minha tristeza,meu desespero,meu medo se fundirem a folhagem seca e decomposta que nos cerca
O acervo de meus pensamentos faz silenciar-se todo e qualquer som obscuro
Sussurro entre meus dentes pálidos e foscos, para que todas as almas ali presentes sem nenhuma saliência de fé que elas não estão só
Meus olhos se fecham vigorosamente e se unem ao descanso mais puro e homogêneo...
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