"Ninguém se importa com você"

Um dia eu chego lá, lá onde apenas quem já se foi sabe, um dia eu encontro a paz e a felicidade, mas enquanto esse dia não chega, sigo eu aqui, sem grandes expectativas, sem grandes planos, nesse mundo cinza sem lugar para esperança. E apenas para me lembrar diariamente desse meu árduo
sofrimento, fiz a grande questão, de escrever a seguinte frase "Ninguém se importa com você", em um pequeno pedaço de papel anêmico, com letras cheias de colesterol, apenas para fixar nas paredes da minha memória, que hoje se encontram corroídas pelo açúcar tóxico das "simpáticas" pessoas que conheci.

Tristeza

Tristeza nos dias atuais, tornou-se uma palavra com emprego invisível, de som mudo propagado para as pessoas surdas. Afinal quem sente tristeza, a maquia de beleza, a enche de alegrias vazias, mas de nada adianta, não existe remédio para quem não assume estar doente, do mesmo modo que não existe disfarce que engane quem também está disfarçado.





Sinto algo quente em minha roupa, afasto meus cabelos da orelha, apoio minhas mãos sobre a mesa. A mesa é branca, estou em volta da piscina, eu não entendo, eu estava mergulhando e de repente algo pareceu me atravessar, a água turvou e um liquido vinho quente começou a tingir a água. Não consigo respirar, deixo minha boca aberta, e então, de mansinho chega a morte, ela beija meus lábios e usurpa toda a minha vida, o filete rubro de agonia que escorria dos meus lábios, agora mancha os dela, mas ela não se importa, apenas afaga meus cabelos  e me leva.

Pequena Libélula



E uma tristeza súbita, pousou sobre ela, pequena libélula, em uma manhã onde o sol tentou em vão, pois não conseguiu romper o forte bloqueio, das densas nuvens de algodão molhadas.

Significado das palavras 3


Ansiedade: insegurança disfarçada de pressa.

Significado das palavras 2


Depressão: Solidão aguda disfarçada de tristeza.

Significado das palavras1

Mulher: um homem disfarçado de sentimentos.

Acidentes que compensam as feridas....

As janelas estavam abertas, o vento batia forte contra as cortinas,fazendo elas tremulas entrarem em um ritmo envolvente. Minhas mãos frias, tentavam delicadamente encontrar as mãos quentes que afundavam os lençóis ávidos estendidos sobre a grande cama. O rosto pálido, trazia em si uma expressão melancólica, por alguns segundos tive a sensação de presumir que  o fim havia o tocado, e essa era a justificativa para tamanha melancolia, mas eu sabia que não, eu sabia que o fim ainda estava distante; porque o fim só chega quando tudo acaba, e ali ainda havia muita coisa, muitos sentimentos, muitas mágoas, muitas alegrias, muita vida e pouca morte. Seus lábios se abriram:
-Sabe se eu pudesse voltar no passado e escolher o meu futuro... Eu o escolheria exatamente assim. Sei que não somos perfeitos, e que agora nem somos mais presentes um no outro, mas existem acidentes que compensam todas as feridas. É como... como... como cair e se machucar por estar correndo com fome diretamente para o cheiro do almoço...


Se minha vida tivesse trilha sonora...

Era como se o meu coração saísse do peito, e batesse naquele momento ali diante dos meus olhos. Ele me puxou para mais perto, perguntou o meu nome, eu fiquei em silêncio, e ele também, nos olhamos por mais  alguns segundos, e chegamos juntos então a conclusão de que o meu nome  não importava, de que nada mais importava. A música ecoava ao fundo, era uma melodia rápida, mas agora parecia ser lenta, ao menos na minha cabeça era, tudo em volta se transformou em uma grande massa colorida, de cores e odores indistintos, minhas mãos começaram a transpirar e minha cabeça a rodar, o seu cheiro doce e amadeirado me embriagava cada vez mais, a pouca distância mantida, queimava minha pele com o vapor quente de calor que emanava da dele.
Seus olhos híbridos de uma espécie de azul rajada de castanho, me fitaram, apreciei  suas pupilas dilatarem, tudo era muito irreal, era como se estivesse sonhando naquele momento. Sem hesitar, e sem recuar, deixei que as mãos dele se entrelaçassem com meu corpo, pequeno e branco. O rubro de meus lábios tingiu sua camiseta alva, senti meu coração acelerar como o motor de um carro potente em partida de uma corrida, então após o alavanque da acelerada, segurei firme com os dedos dos pés, o freio imaginário de meu automóvel, mas de nada adiantou, minhas pernas foram amolecendo e meus músculos relaxando. Os lábios dele começaram a explorar meu pescoço em busca dos meus lábios, subiam e desciam. E quando finalmente o corpo ele venceu a luta sobre o meu, seus lábios pararam a alguns centímetros dos meus, seu hálito quente me deixou atordoada... Ao fundo a música mudou, e começou então a tocar a minha trila sonora... “Baby, I love you- The Ramones”, não sei se foi real, não sei se essa música realmente ecoou por todo o salão, mas na minha cabeça foi real, e então finalmente senti seu beijo, seu gosto, sua temperatura, tudo ali, tão próximo, tão desejado...


E da vida escorregou um fino fio, que se entrelaçou nos lábios da morte, que por ironia vestia preto na ocasião. Foi assim, rápido, indolor e sem grandes emoções, que a vi partir. Minhas mãos tremulas apoiaram-se na cama e recuram no primeiro toque da pele morta e quente, meus dedos caminharam até sua face macia e branca, fecharam os olhos azuis que agora estavam vidrados em algum ponto perdido do teto nojento e velho do hospital. Meu corpo de arqueou, e em respeito e amor, abaixei-me lentamente até seus lábios, carnudos e rosados, deixei então  que os meus lábios despejassem sua corrente elétrica e viva, nos dela que jaziam quietos e mortos. Observei sua imagem, parecia dormir, e realmente dormia, dormia um sono profundo de outra dimensão, uma dimensão desconhecida, registrei sua ultima imagem, uma imagem angelical. Girei sobre meus calcanhares, senti meus saltos altos e agudos traçarem a rota de saída, afinal, logo mais chegariam os parentes, amigos e familiares, que nem sequer suspeitavam do caso lésbico que eu e minha grande, agora falecida, amada mantínhamos a alguns anos. Minhas mãos apertaram com força a maçaneta gelada, o contato com a superfície fria fez com que meus dedos tentassem recuar, lancei um ultimo olhar para o leito cheio de corpo físico e vazio de alma, e meus lábios finalmente se abriram, emitindo um breve e rouco sussurro " Um dia nos encontraremos novamente"...
É  como se perder duas vezes... MAS NÃO SE ENCONTRAR NEM UMA...
Sinto nossos corpos se movimentarem ao ritmo da música, suas mãos descem para minha cintura, e uma onda de eletricidade me invade; mordiscando os lábios desejo que continue, beijando minha sanidade desejo que pare;é difícil, é improvável, querer que essa agitação, instalada com a sua chegada,  cesse;  a multidão não existe, mas ela nos observa, minha malicia persiste e continuamos no embalo da perdição; e no fundo, sei que estamos nessa pista de dança a muito tempo, mas não me interessa, até mesmo porque muito tempo para mim e para você ainda é pouco demais
Este coração que me roubou o joão, e essa pia de louças sujas que me restou, até parece poesia de terapia, esfrego os pratos e espero que me esfreguem a alma, já perdi a calma, o que me resta é frustração, um amor assim não acaba, ao menos não para mim. E mesmo que a felicidade me sorria novamente, eu juro que não a sorrirei de volta, porque esse tempo perdido carregado de sofrimento, esfriando meu corpo que se prende ao cimento desse ódio, ódio do abandono, não volta, não retorna. E o que te desejo agora João é que, as chagas do desprezo consuma o seu coração que colocou em depressão.

VENTOS

Há ventos que sopram na direção que devem soprar, indiferentes a respeito de certo e errado, de futuro e passado, incoerentes de verdades e mentiras, inerente a amor ou ódio.

Respired

Não me sinto inspirada, na verdade me sinto respirada, respirada pela dor, pelo medo, pelos segredos e hipocrisias, respirada assim como as ondas do mar que são tragadas para seu interior, respirada assim como a fumaça do cigarro aceso que morre aos poucos pela brasa.

MORTE

Quando você chegou, eu estava tranquila, senti seus dedos negros roçarem meus lábios e se perderem nas plumas de minha alma, seu vento frio invadir minhas vestes e soprar minhas lembranças. Seus olhos me fitaram por alguns segundos antes de você chegar, eu senti você me observar, e eu sei que você não queria a mim levar, mas fazer o que? Afinal, nem a MORTE, pode hesitar, mas  quando a minha vida você veio ceifar, você se encarregou de a tranquilidade antes me enviar.
Para dia preguiçosos, frases curtas...
Para dias felizes, leituras inspiradoras...
Para dias ruins, caneta e papel...
Nem sempre sou feita de poesia, as vezes sou feita apenas de memórias, histórias e amores. Que nem sequer passaram da primeira linha, mas que fizeram um grande rascunho em minha vida...

E é quando encosto minha cabeça no travesseiro que, o seu rosto me vem, me vem leve e solto, me vem para me atormentar, me vem para me fazer indagar mais uma vez, de como poderia ter sido, uma vez que nunca foi...

A poeta.

       O vento, as cortinas ,seu perfume...  agora tudo está  manchado de sangue, tudo está banhado a ódio... Corro para o aroma da morte, minha mão direita se levanta , meu olhar se abaixa, o barulho surdo de meu grito se estaca contra a parede. O parapeito da janela absorve meu medo e me transmite coragem.  Meus pés tremem, o vento da noite é frio,  e então antes do pensamento do fim ser criado, um último pensamento de culpa me invade, "ah se ela tivesse me escutado, se ela tivesse parado, talvez ela ainda estivesse aqui, talvez minha raiva não houvesse à convocado ao espirito inglório da morte". O vento sopra mais uma vez, estou ereto como um cavalheiro deve estar, gravata borboleta no lugar, resolvo então meu destino selar, dou um ultimo gole em minha taça de vinho, e sinto o liquido descer ofegante por entre minhas garganta. É a hora. Abro meus braços, mesmo sabendo que não irei mais os fechar e parto fervorosamente, do último andar dos dezoito existentes, para  abraçar um mundo que não conheço...
       Os oficias chegaram, e relataram que fora suicídio. Mas a poeta que possuía uma alma sensível, exitou em acreditar, e para a verdade buscar, subiu até a janela de onde o sujeito havia seu destino invetado. Apanhou a caneta, e no bloco de capa preta, com folhas amarelas, em suas letras mais belas, descreveu de sua maneira :
- Foi um abraço,um abraço no desconhecido, uma volta no tempo perdido.  Pobre tolo, apenas mais um tijolo de uma parede, mais uma estrela cadente que se tornou evidente, mais um ponto negro perdido, como um cedro  por um bloco de cimento substituído.

Antes mesmo de se levantar ela já sabia que estava na hora de partir...
Com um sobre salto seus pés saíram do chão, a campainha do transporte ecoou em seu interior, o chão de assoalho, duro, seguia suplicando a cada passo,para que ela ficasse.  Mas não,  não ficou, tomou uma última dose de coragem e do ônibus saltou. A esquina na qual encontraram seu corpo era fria, as vozes diziam, tristes e inconformadas, ela era tão nova, a que ponto chegamos, onde vamos parar?   E ela pensava ,irão parar onde a campainha tocar...

Just stay here...

Quero me perder...
quero me encontrar...
quero me mudar...
Quero me manter...
Quero me matar...
Não quero morrer...
Quero me concordar...
Quero me discordar...
Quero te amar...
Quero me amar...
Não vou poder ficar... 
Não vou querer ir...
-Just stay here...

Desabafo de uma mãe "ESPECIAL"

Os olhares são cruéis, mas mais cruel ainda é esse sentimento que carrego, essa culpa de ter dado vida a alguém que é incapaz de pensar completamente por si só, e todos os dias quando vou dormir e quando acordo meu pensamento se faz unânime: o que há de ser desse ser, quando eu me for?  E minha resposta é  como um anestesiante barato que faz efeito em apenas alguns segundos e logo se desfaz: - eu não devo morrer, eu não posso morrer.
Observo as pessoas a tempo demais para as julgar, interessantes ou inteligentes,  sim essas qualidades tem haver com o tempo...  parece que quanto mais tempo você dedica a algo, mais fundo você consegue enxergar esse algo...  e como todos sabemos, profundidade pode se tornar algo perigoso em pessoas rasas... 
O sonho incomum do dono de qualquer metro quadrado urbano... sumir, desaparecer, relaxar.
   O rastro do monstro se desfez, a presa indefesa, vestida  do traje de baile de festa, rasgada, sujismunda, caminhava lentamente, um passo após o outro. Usurpada fora sua inocência, sua dignidade, mas é como dizem, é melhor você optar por se fuder, pois caso o contrario a vida o fará, e o fará com apenas um terço de amor  do que você faria,
a vida fode com todo mundo.
   Ela brincava com o ponto de brasa fervorosa, balançava o entre o abismo da escuridão, brincava com meu coração. O copo prendia um liquido que queria se libertar, um liquido que quando caia em minha corrente sanguínea, me libertava, mas nem seu gosto amargo, nem ao menos o gosto de fel se comparavam ao gosto dela. Ela possuía um gosto de perigo, um gosto de veneno, misturado ao mais suave licor, apimentado com a melhor pimenta, regado com a mais deliciosa canela. Uma vontade diferente, presa em um corpo igual, e essa mistura de monótomo e inédito fazia eu querer me aprofundar dentro daquele ser, criatura sem vergonha, criatura gostosa.
    Meu anseio era de a penetrar, não apenas em um ato sexual, mas de invadir sua mente, de pensar seus pensamentos, rolar suas palavras entre minha língua, me apresentar pessoalmente aquela alma incrível...
   A chuva escorria pelos vidros, seu barulho rolava para dentro de meus ouvidos, me inclinei para perto da janela, a respiração embaçou o vidro, o contato de minha pele com a superfície gelada, embaçou os meus sentidos. O afago da natureza, sutil, leve e puro, me trouxera chuva, chuva essa que se fez de manto para cobrir todos os leitos de rios que um dia ali viveram. Enquanto o meu rio que um dia ali secou, começará a viver novamente, impaciente, sedento por espaço, querendo traçar seus novos sucos em novas carnes, querendo alastrar a dor e secar o amor.
   Enquanto eu caminhava pela rua, que molhada, reluzia um brilho dourado das luas feitas da mais  nova tecnologia,  algo no meio de meu iceberg pulsava, impaciente querendo derreter-se. me indagava vagamente sobre sonhos e planos, momentos e eternidades. É acho que ao final do dia, todo nós podemos sentir que ainda há esperança, que ainda há coração, onde o tempo um dia congelou, um dia queimou, um dia alagou.

Sexualidade



                                                                      SEXUALIDADE

   
      As pessoas definem, não adianta, elas sempre definem e eu não as julgo mal por isso, afinal, a única segurança que elas podem "possuir" é essa, a de que, estão de fato definindo algo exatamente do jeito que deve ser, é como aquele lance do escrito nas estrelas, só que o que eu andei lendo por lá não é nada disso que as pessoas dizem.
     Gosto muito de comparar sexualidade com roupas. Para ser mais exata, as primeiras roupas que nossos pais ou a sociedade usam para nos vestir. Mas para praticar este exercício, as pessoas que, já foram vestidas em suas roupas compradas na sessão dos pré-conceitos, precisam se despir destes seus trajes  de opiniões, por mais que eles pareçam de alta costura  ou  tamanho ideal, até mesmo se despir-se parecer  vergonhoso, constrangedor. Peço que o façam pois  neste momento  iremos  retornar a sessão das roupas. E quando você chegar lá,  não irei lhe pedir que vista outro traje  ou até mesmo que chegue a experimentar outro, mas irei pedir que caminhe nu, nu de vaidades, vontades, desejos e sinta os tecidos que nunca compuseram suas roupas, roçarem seu corpo . E mesmo que você não ache a situação confortável, não deve sentir constrangimento pois ainda lhe  pedirei  para que siga até o final deste novo corredor no qual irei lhe colocar para caminhar.  
      Não sei ao certo quanto tempo acabamos por perder em nossas vidas com coisas irrelevantes, afinal, um homem que beija outro homem por opção sua, não irá fazer com que o preço do arroz suba ou desça nos supermercados, não vai fazer com que a saúde publica deixe de possuir falhas ou comece a corrigir falhas, não vai fazer com que suas preces sejam ou não atendidas se é que você possui ou não preces já que podemos ou não acreditar em Deus. Mas sei que não se intrometer, irá lhe poupar de perder, seu precioso tempo que não irá mais retornar, sua saliva que poderia se secar caso você começasse  a criticar demais o tal ato. Nesta caminhada por este corredor de "roupas" você pode ou não transcender no ato de compreender que genitais colados a um corpo humano não possuem influências nos desejos que estão colados aos nossos cérebros. Continuando neste tipo de raciocínio, é bem provável que os peitos fartos que balançam de um lado para o outro, como se fizessem uma dança sensual, da garota que corre enquanto você homem,a aprecia nas manhãs frias, também  traz satisfação e excitação para  outra garota ou até mesmo mulher, pois opção sexual não tem idade.
    É triste afirmar mas muitas pessoas passam anos de suas vidas vivendo de um modo com o qual não   se sentem confortáveis, apenas porque a roupa que seus pais lhe vestiram, não lhes servem do modo que deveria. E então num belo dia acabam passando dos limites ou então enfrentando os limites, o resultado? Acabam na mesma loja de roupas em que estiveram quando pequenos, abusam do provador e provam todas as peças que estão disponíveis, se deliciam, brincam, aprontam mas o fazem escondidas por medo de que talvez a segunda roupa, aquela que foi escolhida por elas mesmas, não vá servir adequadamente no "encontro" dilacerador com a sociedade. Não há porque se envergonhar do modo como você quer se "vestir" pois são apenas "roupas", roupas que não influenciam seu modo de pensar e agir em situações distintas das sexuais. Ser homossexual não significa ser de outro planeta.  Significa ser deste e ser maduro e corajoso o suficiente para demonstrar seus desejos e vontades. 
     
O tratamento que me receitaram era: Um dia após o outro, um pé na frente do outro. Fui seguindo assim, e de repente eu me vi imersa em um lago de esgotamento mental. Deixei meu trabalho de lado, deixei minha vida de lado, na verdade só deixei para depois, e esse depois nunca chegou. Me deixei para depois porque, tinha roupa no varal para recolher, deixei para depois porque tinha trabalho na empresa a fazer, deixei para depois porque tinha algo mais importante na faculdade, enfim, deixei para depois porque não estava com vontade de me ter agora.

Acupuncture

      Agora posso dizer, tudo começou quando eu comecei. De uma hora para outra, como o ponteiro do relógio que com apenas um segundo muda uma hora, eu me mudei. Mas nem sempre mudança é para o bem, ou melhor, para a alegria, pois para o bem eu até acho que foi, até mesmo porque mais vale um coração que sofre do que um coração que não sente. E o meu a tempos não sentia, mal me lembrava eu, daquela sensação ordinária de uma decepção, e de repente, estou eu aqui sentindo várias decepções, como uma acupuntura de decepções, da qual eu faço de uma a duas sessões por semana.
Fui ver o que minha mãe queria, era para mim olhar o arroz que morria no fogo, cozido com alho, óleo e algumas poucas pitadas de sal, para não ficar assim como eu "insonso". 

SKY


     Algumas coisas na vida são difíceis mas outras são mais difíceis ainda. Não posso mentir, raramente rezo para Deus, mas sempre rezo para o céu, rezo agradecendo por ele ser tão bonito e azul, por tornar meus dias terríveis e vazios,  em melodias tristes cheias de sentido. Basta eu lançar um olhar para ele, e ele me lança uma poesia, é simples, é bonito, isso sim é  amor. Por vezes, ainda falando mais um pouco do céu, eu aceitaria dizer que ele é o motivo que me leva a sair da cama. Não vou dizer que eu não o faria por alguém que amo, mas não sei se o faria tão bem, pois o céu não é uma pessoa, sendo assim posso o amar e confiar nele, mesmo sabendo que nem sempre ele estará azul.
    O grande conflito do meu "EU"

    E foi então, naquele fim de tarde, cruel e desinibido, que pude começar a relatar meus grandes conflitos. Eles sabem que não sou perfeita, vocês sabem que não sou perfeita (caso  ainda não saibam, vão começar a saber), mas eu nunca havia me colocado frente a frente com essa afirmativa.


     . O que é a perfeição?


per·fei·ção 

substantivo feminino
1. .Ato de acabar ou aperfeiçoar alguma coisa.
2. O grau de excelência, bondade ou beleza a que pode chegar alguma coisa.

"perfeição", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/perfei%C3%A7%C3%A3o [consultado em 15-09-2014].


    E assim em linhas não perfeitas, com uma aparência medíocre, e um link horripilante se tece a definição de perfeição.Hoje eu lavo o alface com perfeição  antes de o temperar para o jantar. Eu escrevo com perfeição sem utilizar o corretor, pois me lembro da escrita das palavras a quais uso. Eu calço minhas sandálias com perfeição, mesmo nunca as tendo calçado antes. Mas eu não estou perfeita, mesmo que embora meus atos estejam, eu não estou, e eu não o estou porque eu o nunca fui. Mas sempre ansiei ser, quero ser perfeita mas não posso, e acabo sempre no mesmo lugar, afogada por exigências de mim direcionadas a mim. Quem me olha não me compreende, não sabe o quanto me desaponto ao não conseguir o que quero, não entende o mau humor que isso reflete em mim. E então por fim, acabo-me sempre assim, jogada aos estilhaços de minha amargura, aguardando um afago de uma mão de compreensão.
    Já não guardo mais grandes expectativas da vida, muito menos das pessoas, sei que os livros de autoajuda dizem que o problema da situação é sempre o individuo que deduz estar passando por ela. Mas e se eu não quiser ser o meu problema? Como devo proceder? Será que posso entrar em contato com Deus, e pedir para ele ordenar que  sua equipe de manutenção, venha enfim  ajustar meus sentimentos? Seria fácil assim, mas não, as pessoas insistem que eu que devo fazer a minha manutenção, na igreja. Sim, isso mesmo, sentar e orar. Não, eu não posso! Mal posso me sentar na cama, fechar os olhos e pensar em Deus, como poderia então, me ajoelhar na igreja e pedir perdão, forças e sabedoria?
    Desejo ser perfeita, que minha vontade seja feita. E se eu  não conseguir desta vez, vai ser da próxima, e assim eu vou indo, caminhando pelo caminho da imperfeição de olho na via da perfeição. Desse modo sei que fica difícil e por isso sofri vários acidentes, pois essa condução imprudente de minha parte, tem atropelado aqueles imperfeitos que amam meus defeitos.


Esperar, esperar e esperar... Está esperando agora?



   Não aguento mais esperar, digo isso agora as sete da manhã, com uma voz de criança mimada, e a cara que meu namorado tanto tira sarro, a cara de criança mal criada. Mas me diga, você já parou para pensar que precisamos esperar por 99% das coisas da vida? Precisamos esperar por uma resposta, por uma aprovação, por alguma informação, por um ônibus, por outra pessoa, por sentimentos, enfim, precisamos esperar para esperar.
   Não sei, talvez eu esteja dizendo besteira, mas que se exploda, esta visa é minha, e sobre ela eu posso dizer o que eu bem entender, e caso você não goste, o problema será seu. Na minha opinião, precisamos esperar porque não sabemos aproveitar o agora, é simples veja só : não sei aproveitar o café que estou tomando agora, pois ele desce quente e sem sabor por entre minha garganta, uma vez que estou com pressa, pois daqui a pouco preciso sair. No meu almoço, não poderei saborear  o prato que consumirei, pois já estarei pensando no prato que terei no jantar. Você me entende?
   Na maior parte do tempo não estamos realmente satisfeitos com o que possuímos, e sempre estamos almejando possuir mais, sendo assim, vivemos uma espera infinita, pegamos uma fila enorme para realizarmos nossos desejos, e quando chegamos a eles, mal os aproveitamos e já nos direcionamos a uma nova fila de um novo desejo.
   Mas isso não é motivo para se preocupar, porque se você também se sente assim como eu, deve ser porque você é normal, ou não. Eu só queria poder detectar meus problemas e os resolver, mas isso não me parece fácil e nem possível. Só que sempre que tento desistir, a esperança desponta dentro de minha mente e então, eu me encontro novamente aqui, na fila da espera.
   O problema me parece tão grave, que eu decidi que "esperando", é o meu novo estado de espírito, esperando pelo que é meu perante meu destino, esperando pelo o que eu acho que deva ser meu, esperando que alguém me note esperando e me faça  parar de esperar. Mas eu nunca encontro essa pessoa, todas as vezes que eu reclamo que estou esperando, alguém da fila de espera ao lado, se manifesta e começa a prosear comigo. Como não sou mal educada, respondo e me entroso, troco algumas ideias(apenas algumas, porque dentro desse estado de espera, me restam poucas), as vezes quando me deparo com meu amado, até troco caricias, e assim sigo eu, tentando deixar a vida em espera mais fácil.
   Mas um dia, eu tenho toda a certeza que existe nessa terra, tenho a certeza absoluta (aquela que as mães  sempre nos  perguntam se temos, quando na verdade quem tem é ela, porque ela sabe que nós estamos mentindo) de que eu conseguirei, conseguirei pegar o controle remoto de minha vida, e desligar a tecla de espera, para assim eu finalmente pode conhecer o mundo em ação, finalmente poder viver um
momento sem ansiar pelo o outro.




Eu era mentirosa, adorava contar mentiras, as contava e contava com vontade, voracidade. As contava porque gostava, porque me engrandeciam, porque me orgulhava e acima de tudo porque a única coisa que tinha a perder se descobrissem que eram mentiras seria  absolutamente nada. O problema é que a partir de um certo tempo as mentiras deixaram de me satisfazer e então tudo começou a se resumir em  tédio, eis que nasceu então uma imensa vontade de começar a viver minhas mentiras de as transformar em verdades...

     "Sua face singela estava enternecida pelo calor do olhar, da respiração ofegante do jovem príncipe. Ele a tomou em seus braços e com um simples giro fez suas emoções se misturarem como um liquido homogêneo. E então quando seus delicados pés tocaram novamente o chão, ela pode sentir a dura realidade abaixo de si, realidade que logo se desfez com as palavras que se sucedera:
     - Oh minha pétala de rosa branca, branca como a neve, como podes ser tão linda? Quando cruzou minha linha da vida trouxe consigo uma bruma de amor que me fez cego e servo a você e agora só me resta um pedido... Aceita, casar-te comigo? Sejas minha bela princesa..."

     - Oh que livro mais meloso, como podem produzir algo do tipo? É uma audácia com as pessoas solteiras... Hunf...
     -Oi , posso ajuda-la?
     - Oh me desculpe eu estava falando sozinha... ah na verdade não pode... já estou indo, obrigada!
Que garoto curioso, não se pode mais nem falar sozinha em uma livraria, que deprimente isso.Hum olhe uma barraca de cachorro quente, me parece uma boa ideia, ainda são duas horas mesmo.
     -Oi?!
     -Oi! Posso ajudar?
     - Sim,  por favor dois cachorros quentes completos.
     -É pra já.
     Marie sentou-se ao banco da praça e colou-se em um certo transe de espera, alias como sempre fazia, se perdia em seus pensamentos e era raro quando se encontrava. Era outono e a  praça na qual se encontrava, não negava pois  demonstrava a sua estação através de inúmeras quedas de folhas secas, ao longo dos caminhos reservados para caminhadas e corridas, caminhos esses que se encontravam  a mercê de um longo e denso lago onde nadavam diversos patos brancos, o que tornava o lago praticamente branco em algumas partes.
     - Hey moça, aqui está o seu cachorro-quente.
...
     - Moça?! Está me ouvindo?
...
     -Moça aqui está o seu!!!
     - Ah sim me desculpe, estava um pouco longe.
     Com um sorriso embaraçado, Marie colocou-se em estado de devorar o cachorro quente, só que algo atrapalhou isso... Ela ouviu um barulho estranho, mas a bruma do frio impedia identificar de onde ele vinha, se colocou em alerta. O barulho aumentava e vinha em sua direção, ela estava começando a ficar constrangida pois todos estavam perfeitamente normais e ninguém parecia escutar aquele barulho. Uma moita se mexeu de um lado para o outro, Marie se aproximou um pouco, recuou, aproximou e finalmente teve coragem, abaixou-se e encarou a moita. De repente algo extraordinário aconteceu:a moita latiu! E não foi só isso, pois logo em seguida ela se chacoalhou com força e revelou um grande cão que se pôs em posição de ataque e avançou em Marie, arrancando de sua mão os seus cachorros quentes.
      - Heeeeeey, volte aqui, onde você pensa que você vai???!!! Cachorrinho, vem cá, vem cá cachorrinho.
     Marie correu, correu o máximo que conseguiu e perseguiu o cachorro como se fosse uma corrida são silvestre onde o premio seria um cachorro quente mordido e babado.Quando finalmente conseguiu alcançar o cachorro , ele se escondeu em uma moita verde, ela sem pensar duas vezes se atirou na moita.
     -É... você precisa de ajuda? Parece meio presa ai...
Quando Marie saiu da moita, seus cabelos estavam embrenhados e cheios de capim.
     - Oh sim, me ajude! Eu estava perseguindo um cachorro idiota que roubou meu almoço... viu ele? Mas espere, você é o garoto curioso que eu acabei de encontrar lá trás.
     O cachorro em um grande salto, livrou-se da moita e pulou em direção ao rapaz que acabara de a ajudar, e então ela se esqueceu de brigar com o garoto, uma vez que a segurança dos dois era mais importante.
     - Cuidado, ele é perigoso! Saaaai cachorro! Vou pedir ajuda!
     Ela simulou que ia correr mas se deteve quando ouviu a sonoridade de uma risada e se virou.
     - Porque você está rindo? Seu idiota!
     O cachorro estava deitado com a língua de fora aos pés do rapaz e babava bastante.
     -Esse é o Scot... e Scot essa é a...?
     -Marie, Marie... você quer dizer que esse monstro é seu? Ah me poupe que petulância!!!
     Enfurecida, Marie se virou e começou a caminhar de volta para a barraquinha de cachorro quente.
     -Volte aqui! Marie, por favor espere.
     O garoto correu atrás dela e a alcançou.
     -Olha aqui moço, eu não quero e nem preciso de sua companhia. E você está me perturbando, então logo peço que desapareça do mesmo jeito que apareceu!
      O garoto segurou firme a mão de Marie, ele não sabia porque, mas tinha gostado daquela garota, ela havia mexido com ela de um forma diferente, mas será que logo com ele que sempre havia duvidado de amor, e ainda  mais de amor a primeira vista?
     -Tudo bem, não vou mais a seguir, tchau e até algum dia...


      Ela não respondeu, mas algo dentro dela havia mudado naquele instante, ela não sabia ao certo se era pela raiva, ou pelo o que o toque dele havia transmitido a ela, ela ainda não sabia o que era, mas ela estava prestes a descobrir.

"Sua face singela estava enternecida pelo calor do olhar e respiração ofegante do jovem príncipe. Ele a tomou em seus braços e com um simples giro fez suas emoções se misturarem como um liquido homogêneo. E então quando seus delicados pés tocaram novamente o chão, ela pode sentir a dura realidade abaixo de si. O príncipe era na verdade um canalha, e suas idealizações de amor estavam apenas dentro de seus livros."

1Bicho

Eu sou esse bicho todo irracional,
trabalhado no ciúme banal,
perdido no tempo atual,
preso no meu desejo carnal.


Alma

Alma de poeta, casada com a filosofia,  amante do sofrimento por natureza,  abençoada com tanta beleza, amaldiçoada com  tanta tristeza...  A solidão invade o seu coração,  desabrocha em companhia,  mas nunca faz questão de tudo isso todo dia,  apenas ama a melodia, mas não pode amar o que não vê...

Quem sou...

Nessa busca de ser que eu sou,  percebo que somos apenas o reflexo do que a sociedade deseja que sejamos,  e é possível viver assim por anos e não notar,  viver assim até a morte e nunca nem sequer saber.
Posso não mudar o mundo, mas ei de me mudar.

O país

Os problemas do país,  não são  as verbas,  as leis,  as condições...
Mas sim as pessoas. Hoje em dia já não se existe mais educação,  as pessoas não se importam com ética ou moral.  A única coisa que sustenta as pessoas, se denomina por dinheiro.  Sempre existe essa tal maneira de se dar um jeito nas coisas,  aquele jeitinho brasileiro, jeitinho de empurrar a sujeira para debaixo do tapete e varrer a casa somente onde os olhos vêem, esconder o dinheiro nas roupas intimas, invejar o próximo secretamente e pior de tudo julgar-se melhor do outra pessoa.  É difícil conviver onde os certos  são errados e os errados certos,  onde a definição de inteligência se classifica em quem pode ou não conseguir as coisas de um modo politicamente correto,  mas sim  do modo fácil.

Sertão, meu.

Meio dia panela vazia,
barriga fria,
nada pra comer,
deveria quem sabe beber?
Abre a torneira
a água não sai nem de bobeira,
se pergunta então pra que torneira?
Espera a um tempão
ao menos por um pedaço de pão...
anda até a porta
sente a perna torta,
senta,chora,desaba...
a se nem por um engano que fosse
a água pelo cano corresse,
mataria sua sede,
tapearia sua fome...
fome de amor,
cheia de torpor,
difícil de explicar fácil de o matar...
mas não,
não sente nem ao menos o seu coração,
mal ouve seu pulmão...
meio dia panela vazia...

Entrega ao amor

  Eu acho que tenho andado com serias insônias, tenho me levantado várias vezes durante a noite.           Perdendo o sono, perdendo a calma,perdendo a minha alma, não sei, não posso explicar, passei todo este tempo perdida dentro de mim procurando me encontrar, me recompor e de repente, me esqueci de tudo que estava procurando. Eu encontrei você,um pouco empoeirado, guardado, jogado em meus pensamentos. Me entreguei aos momentos, me entreguei aos desejos, me entreguei a você, e não pretendo me pedir de volta porque acho que assim, nos seus braços esta ótimo,esta bom,esta muito bom.

O lago das mentiras

E no lago das mentiras
Afundou suas verdades
Afogou suas vaidades
Aliou-se as maldades

Rotina sem você

 Tenho andado na penumbra sujismunda
 Esquecida com a raiva vencida ,
 A face destorcida, tenho sofrido de desejos ofuscados por más cortejos,
 Almejando seu beijo, ansiando por seu cheiro,
 Tenho alimentado maus hábitos para amenizar maus comportamentos,
  Enchido as unhas de cimento em uma construção sem coração...

Do trabalho

 Abri a gaveta, e joguei meus sonhos...
pero que isso se compense com os ganhos...

Refúgio

 Me envolvo nessa dança, aos poucos sinto seu toque, quente e delicado...
 Sobre minhas pernas,a maciez de sua insensatez faz com que eu me demore mais um pouco,me esqueça desse mundo louco...

Sem pressa

Pra que correr? Agora tudo passa devagar...

A beleza do ódio

Abre a janela,olha para fora
Sente medo do que pode acontecer senta do meu lado ,chora agora
É que la fora já esta para anoitecer
Acendo meu cigarro,dou um trago
Puxe do meu peito toda esta dor
O liquido do seu copo esta a me encher de torpor
Chega o vento, bagunça seus cabelos Brisa fresca,você está tão linda
Quase me esqueço destes seus apelos
De qual pais é vinda? Essa sua beleza que se molda a tristeza?
Fecha a janela,deita na cama
Repousa o ódio, diz que me ama...

Liberdade

Eu sinto sempre essa ansiedade, essa vontade de ir, ir agora, mas ir para onde? Ir como? Como sair? Como respirar sem ser controlado?!

Alberto

 Os braços finos e singelos se balançavam sobre a água límpida do riacho, os cabelos negros esvoaçavam na linha do horizonte,transformando sua imagem muda em um retrato cheio de palavras, assim a observava Alberto sentado em baixo das frutíferas e frescas árvores...

Separados/Juntados

É estranho agora,parece que todo o abismo que nos separava, desapareceu...

Lua

A noite escureceu,observou a lua no céu a brilhar nua,desejou ser sua...

Estrada da vida

 Sinto que sou uma passageira constante dessa vaga locomotiva, que fica a observar desatentamente a longa e atenciosa estrada da vida...

Momentos

 Esses momentos que possuo em minha mente, não são meus, não conheço as pessoas e nem os lugares neles presentes, mas é como se... já tivesse os vivido, já houvesse participado deles...

Lembrança

 E se alguém te perguntar, diga que estou dando um tempo, um tempo do que eu costumava ser,do que eu costumava querer, do que eu costumava sonhar, de onde eu costumava ficar... um tempo para não te encontrar, para me animar, me recompor... e quando eu finalmente terminar de dar este tempo,espero que o meu contentamento faça com que seu rosto vire apenas uma lembrança feliz que eu jamais quis...

Fartura

Tenho tantos sonhos que inflam meus bolsos fazendo-os transbordar
 E a cada esquina por qual passo deixo cair mais um sonho,deixo ficar mais um sonho
 Eis então que és necessária a hora se cuidar de meus sonhos
 Pois não até as mais fartas fontes um dia virão a secar... acabar... cessar...

A busca

 Busco ao meio de copos cheios de bebidas frias, algo que me faça sentir alegria, não sei se estou ao certo perdida ou apenas excluída, mas gostaria muito que você, que eu nem ao menos sei quem é ,me encontrasse para que olhando em tua face, eu me libertasse... de toda essa amargura que me impede de ser pura...

O seu preço

 Eu posso fazer você sentir coisas das quais nunca pensou em sentir,posso te levar a lugares onde nunca esteve,te despertar um prazer que nunca obteve...mas é claro que tudo tem um preço, e o seu preço será seu coração, e uma vez que ele for meu, eu lhe garanto que ele não irá querer pertencer a mais ninguém...

Sobre mim

Quem sou? Sou subjetividade, subjetividade a sua vontade, relatividade complicada, não notada; paradigma criado pela ilusão, que ira destroçar seu coração ...

Sobre nós

 Somos nós apenas mais um reflexo imperfeito?
 Que resplandece a luz e infla o olhar de mais um curioso?
 Que dança incessavelmente na chuva de mentiras incondizentes?
 Que luta contra a razão de não poder existir?
 Que pede para sair deste grande espelho para florescer dentre algum alvorecer?
 Enfim sera que somos nós reflexo extenso que cabe em mim, embora seja denso, essa pessoa refletida sem fim que olha para mim, sou eu.
 Quer seu eu? Que seja então!
 Mais um final perdido meio a um começo de escuridão...

Instinto Animal FINAL.

- Olá ,nu quê posso te ajudá?
     Disse o homem que só possuía três dentes e se encontrava  atras do descascado balcão verde...
- Eh, eu gostaria de um... quarto...
- Ah sim, ocê pode pega essa chave aqui que meu amigo ai do seu lado te indica o caminho.
   Sorri envergonhada e enojada e agarrei as chaves.
Abrimos a porta e nos olhamos, uma centelha saltou de mim e atingiu o lado inflamável de meu companheiro, ele me agarrou e eu encaixei minhas pernas envolta de sua cintura, senti ele me pressionar contra a parede enquanto instigante mente puxava meus cabelos, fazendo um arrepio súbito tomar meu corpo. No auge do êxtase, sentia que o arranhava e o prendia em minhas mãos, com o desejo e o torpor de uma mulher que afogava duas magoas.
- Você gosta disso não é? Sua VADIA! 
    Senti minha face queimar e ordenei que ele me soltasse, como ele ousava utilizar um palavreado destes comigo?  Uma dama?
- Me solte, agora! Anda estou ordenando!!!
- O que você disse? Você não esta ordenando nada, quem ordenada aqui sou eu, CADELA! Coloque-se em seu lugar, e comece a me chupar, vai vamos!
Olhei para ele estática e comecei a me vestir.
- O que esta esperando, esta surda? 
      Ele em um sobre salto avançou em minha direção , com uma mão colocou-se a me segurar e com a outra distribuiu um  tapa que cortou de minha alma o meu desejo assim  usurpando minha  dignidade. Me obrigando a se ajoelhar ele abaixou sua calça e colocou a mostra seu membro, cravando por entre meus cabelos seus dedos grossos ele me obrigou a realizar o sexo oral mais humilhante de minha vida. 
     Entre curtas frases mal educadas e longas bofetadas, eu podia sentir seu membro pulsando em minha garganta, meu estômago relutava para não expelir seus dejetos armazenados.  Eu já estava exausta de me debater de lutar contra aquilo, senti seu membro entrar e sair com ardor e violência de minha vagina,depositando em mim uma força inigualável. Acabado seu trabalho ele caminhou lentamente até a cama com seu membro despido e ereto, abaixou-se e disse calmamente:
- É assim que eu gosto, VADIAS comportadas!
       E no calor do ato, cuspiu em minha face, destilando toda sua crueldade em seu rosto. Ele se afastou e por um segundo eu jurei ter escutado o barulho ávido do chuveiro, me levantei e cambaleei pelo quarto. 
  Em um frenesi de ódio, pude observar o brilho monótono de um taco de basebol atras da porta, não relutei apenas o agarrei com todas as minhas forças e invadi o banheiro o box estava embaçado com o vapor, esperei por um tempo interminável que o box se abrisse e revelasse aquele infeliz homem que caminhava para a morte... 
       Ele saiu distraidamente, o vapor me camuflou e eu o golpei em seu crânio, fora um golpe surdo e fatal ele cambaleou e caiu no chão do banheiro, meu ódio não se conteve e fez com que eu descarrega-se minhas frustrações ali naquele corpo inerte... 
E então, algo estranho aconteceu ,comecei a sentir uma dor enorme de cabeça,  e pulsões , algumas lembranças começaram a retornar a respeito da noite passada, um flash back terrível se passou por minha cabeça. 
- oh meu Deus, meu instinto animal atacou novamente, e eu matei o amor de minha vida...
        E agora eu e lembro de cada detalhe, de cada suplica para que eu parasse ,a cara de pânico de Adam ecoava em minha cabeça, embaçava meus olhos de lágrimas e eu havia o matado! O sangue escorria entre o azulejo encardido, olhei em minhas mãos e elas agora não eram mais brancas como copos de leite, mais sim vermelhas e confusas, levantei-me e afastei meu cabelo que caia sobre os olhos com as costas de minhas mãos, caminhei ate o espelho e observei meu reflexo, não pude conter um riso de contentamento, era este meu destino, interpretar e encenar este meu INSTINTO ANIMAL.

Instinto Animal part.2

(A fuga da descoberta)


Senti a adrenalina escoar por minhas veias, levantei com um impulso, recolhi minhas roupas que ainda estavam espalhadas entre o bar e o caminho do quarto, tropecei em um dos pés do sapato de Adam e senti minha face queimar de um misto de vergonha e raiva,levantei-me com muita dificuldade e me encostei na parede, ainda estava nua, e quando houve o contato do azulejo frio e minha pele acetinada ,senti meu estômago revirar e um arrepio subir minha espinha; desci até o chão, passei minhas mãos por entre minhas pernas, em uma posição muito familiar que lembrava bastante uma criança assustada que aguarda por colo materno.     Chorei durantes segundos, minutos,horas não sei ao certo, quando me dei conta la fora já anoitecia... rapidamente me livrei de minhas digitais, fios de cabelo e qualquer vestígio que se ligasse a mim, ainda para poder me assegurar de que nenhuma pista pudesse ser ligada a mim, retirei de minha bolsa um saco com o pó branco e fino que cintilava com a luz, reluzia o desejo se inúmeras pessoas viciadas e descontroladas por ele, e espalhei em cima de um velho disco do famoso David Bowie que possuía um olhar desafiador e desbotado por conta de tantos anos de vida ultil. Me senti culpada mas o que eu poderia fazer? O homem com quem eu acabara de possuir relações sexuais, estava morto na cama onde dormimos e não havia nenhum sinal de arrombamento em todo o apartamento e nem sequer alguma janela ou porta aberta, então eu exijo que não me julguem, qualquer pessoa faria o mesmo, e foi com este pensamento que espalhei 1  kg de heroína que havia recolhido no dia anterior em uma de nossas investigações rotineiras.  Recolhi meu casaco, me dirigi a saída e me infiltrei em uma das salas de segurança, recolhendo todas as filmagens ali presentes. Desci as escadas, estava com vontade de caminhar, deixei o hotel, e me dirigi a meu carro, coloquei a chave na ignição e a alimentação do motor começou a se movimentar, o colocando em movimento, enquanto eu poluía mais um pouco a metrópole e ouvia a voz deprimente de Jhonny Cash, eu podia ouvir a voz do medo soprar meus ouvidos e revirar a gaveta da culpa em meu cérebro.       Acendi um cigarro e em uma tragada ,queimou-se um quarto de seu tamanho; parei no posto mais próximo e resolvi abastecer, era um daqueles clássicos postos que deveriam carregar em seus letreiros a frase" faça o serviço sujo e abasteça você mesmo,pois não precisamos de sua satisfação,apenas de seu dinheiro" encostei o solado de meu sapato caríssimo, naquele chão coberto por lodo e mofo, utilizei a bomba imunda e enferrujada para encher o tanque e me dirigi ao balcão da "loja" de conveniência que era degradante e lamentável; entrei e caminhei ate a geladeira, escolhi uma garrafa de cerveja.
      Ao chegar ao caixa, perdi por alguns segundos o fôlego e deixei a mesma vir ao chão, o rapaz que inicialmente parecia compor o caixa, se levantou, assim espontaneamente se transformou em um homem alto,moreno, com lábios grossos e delicados, caminhou em minha direção e se abaixou lentamente para recolher os cacos maiores os jogando em um cesto de lixo que se encontrava colado ao balcão. Em um solavanco se colocou em pé ,com uma postura invejável, desejável, retirou o boné que lhe cobria a face ,revelando cabelos finos e lisos que esvoaçavam com a leve brisa que circulava por conta de um velho ventilador empoeirado fixado ao teto, cabelos estes de um ébano denso:
       - Olá, parece perdida ,posso ajudar?! - É claro que pode... Sorri vergonhosamente e estendi a mão.
       - Eu estou procurando um hotel para me hospedar,e não sei se serei capaz de o encontrar sozinha, você esta disposto a me instruir?
- Bom seria uma vergonha para um cavalheiro como eu me negar a conduzir uma dama como voce...
 Sorriu largamente  remetendo a situação a um gesto malicioso, fazendo assim com que seus olhos de origem indígena se fechassem...
- Ah sim, e você poderia me "conduzir " agora?
- Com toda certeza!
    Caminhamos até meu carro,ele abriu a porta para mim e se dirigiu ao dele,ordenando assim que o seguisse... paramos em frente a um hotel de beira de estrada, ele piscou a luz âmbar de sua seta e entrou, eu o segui. Fizemos o chek-in, a recepção era suja e obtinha um grande potencial de poluição visual,  senti vontade de engatilhar meia volta e fugir dali,mas permaneci.


Instinto animal Part.1

Encontrei coragem,entrelacei as nossas mãos, e o puxei para a saída,haviam varios corpos ali, naquele ambiente envolvente e quente,senti então o efeito do álcool em minhas veias,e desfrutei do êxtase  da coragem,o convidando para seu próprio apartamento:
   - Ei, que tal, irmos escutar aqueles seus discos que tanto gosto...
  Ele sorriu, balançou um pouco, e então coçando seus cabelos de um jeito tímido disse :
   - Não acho uma boa ideia...Olhou novamente para mim,e balançou a cabeça, como se quisesse afastar algum pensamento ruim...-Ah  tudo bem,vamos para lá!
  Entramos no táxi e descemos enfrente ao hotel luxuoso da rua Lefreddy, respirei o ar fresco e poluído da grande metrópole ,e decidi que seria aquela noite! subimos os degraus do hall de entrada abraçados. Enfim chegamos a sua suite, Adam era um verdadeiro homem de posses, e eu confesso quando várias vezes cheguei a duvidar de sua sexualidade; estendendo a mão em sua direção demonstrei o fato de estar plena e completamente ciente de minha ações, deixando ainda mais seguro de sua escolha...-Pode me entregar as chaves? ...disse eu em um sorriso amarelo de embaraço...-Ah sim,as chaves... Ele as procurou desastradamente em seus bolsos,afinal a bebida também já estava exercendo seus efeitos sobre o seu corpo perfeito... -Não estou as encontrando... -Acalme-se, e com licença...Sensualmente me inclinei em sua direção deixando assim meu decote coberto apenas por meu xale transparecer,enfim colocando delicadamente a minha mão em seu bolso, encontrei as chaves rapidamente mas não queria desperdiçar uma oportunidade tao boa,deslizei meus dedos para seu membro que se encontrava ereto e levemente inclinado...retirei as chaves do seu bolso, e lentamente subi até seu tórax. Ele embaraçado sorriu e se desviou de meu corpo, senti meu rosto corar,e meu coração palpitar, tarde, muito tarde, pensei comigo mesma, pois acabara de perder uma boa oportunidade; "...paciência..." sussurrei para mim.
 Inserimos a chave na fechadura e ouvimos o estalar das travas  se abrindo, ele me olhou, abriu lentamente a porta e disse :

- Entre, mas não repare a bagunça...
Ele coçou sua cabeça, sentindo os dedos percorrerem o couro cabeludo,e retornou ao momento:
- ah!
Exclamou:
- Desculpe, até parece que você nunca veio aqui...
Olhei para ele e senti pena dele,um homem tao charmoso, sucedido, rico deste jeito...cheio de problemas psicológicos e amorosos...lamentável,lastimável e com certeza deprimente...disfarcei minhas indiginações e indagações com um sorriso amarelo:

- Pois é, você sempre desse jeito, se esquivando da companhia...mas tudo bem, vou cuidar disso também.

Entramos no apartamento, e nos dirigimos ao bar:
- sei que a casa não é minha, mas posso lhe oferecer uma bebida?

Disse isso em um tom provocativo, desabotoando o primeiro botão de meu vestido:

- Um Whisky talvez?

Desfiz meu coque que unia as mechas finas de meu cabelo banhado em fogo,digno de um ruivo vivido e atraente,agarrei a garrafa e preparei um copo,percebi que ele me fitava com os olhos ávidos e famintos, como um cachorrinho que espera para ser alimentado segundos antes do almoço...segurei o copo em minhas mãos, contornei o balcão do bar, me aproximei dele, deixando meu decote saltar para seu campo de visão,e com minha respiração ofegante e quente em seu pescoço, disse:

- Com gelo ou sem gelo?

Como em um surto de adrenalina venenosa e perigosa, aquela que se compara ao sentimento de estar brincando com fogo sabendo os resultados , ele ferozmente, levantou-se da cadeira a empurrando bruscamente sobre o balcão do bar, e me atacou como uma presa indefesa, senti minha pernas vacilarem e perdi o foco de meus planos,o copo de Whisky se chocou com o chão, produzindo um.barulho surdo e molhado que ecoou por entre as paredes daquele apartamento vasto que acabara de se transformar em um abrigo para toda a sacanagem existencial em cada parte carnal de nossos corpos tomados pelo torpor de praticar um ato milimetricamente incalculado.

Passando a mão, sobre o balcão ele atirou todas as coisas que la estavam ao chão, dentro de alguns segundos eu me encontrava la em cima do balcão com ele encaixado por entre minhas pernas que exerciam uma pressão que embora muda,podia dizer varias coisas e naquele momento gritava por seu membro em meu interior, eu precisa sentir aquilo pulsar, saltar, deslizar...
Meus pensamentos foram interrompidos com o rasgo estridente de meu vestido preto, alguns botões se chocaram com as garrafas que compunham a decoração e saltitaram entre os tacos do chão, segurando meu cabelo com uma grande pressão e olhando em meus olhos,pude perceber seus lábios se moverem em câmera lenta:

- Eu quero você seja minha...

 Suspirei :

- Eu vou ser...

Acordei atordoada,não abri os olhos,mas sabia que a luz entrava pela janela e mantinha acesa a claridade do quarto, senti o cheiro de amaciante borrifado de perfume nos lençóis, estendi os braços e lentamente comecei a acariciar o peitoral másculo que se encontrava ao meu lado,mas de repente percebi algo estranho, um liquido denso,frio, grudento; abri meus olhos assustada, a vista embacada, me enganou um pouco, ou ao menos foi assim que pensei, minha cabeça latejava,a cama rodava, senti me faltar o ar,suspirei ao olhar aquela cena,as lágrimas escorriam de meus olhos, pensei comigo, mantenha a calma, a calma:

- Ah meu deus, isso é sangue...
Topo